Os dados da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) apontaram que os jovens de 20 a 29 anos estão saindo das seguradoras de saúde desde 2020, ano de início da pandemia de coronavírus. Segundo o órgão, mais de 12 milhões de pedidos de cancelamento de planos de saúde foram feitos apenas por pessoas dessa faixa etária. Em conversa com o CQCS, Vanessa Mendes, Head Saúde Suplementar e Odontológico do Sincor-SP, comentou os motivos do crescimento da demanda de cancelamento por jovens e o que o mercado tem feito para se adequar ao novo cenário.
“O desemprego no período da pandemia, aumento dos produtos e serviços e a falta de cultura e conscientização da importância da assistência médica preventiva foram um dos motivos”, explicou a executiva. Segundo Vanessa, o mercado de trabalho retomou, neste último ano, com um crescimento de 3,5%, conforme dados do CAGED (Ministério do Trabalho), o que explica o aumento de beneficiários em contratos coletivos empresariais, que registrou crescimento de 2,7%.
A descontinuidade dos contratos entre os jovens interfere nos custos da operação, visto que o público referido costuma utilizar menos o plano, contribuindo com a saúde financeira. No entanto, a head de saúde suplementar e odontológico do Sincor-SP destacou que, em contrapartida dos jovens, o número de consumidores com mais de 60 anos cresceu quase 27% na última década. “A sustentabilidade do setor depende dos mutualismos para equilíbrio da sinistralidade”, comentou.
Neste cenário, as seguradoras de saúde vem investindo em iniciativas para atrair o público mais jovem e conservá-los como clientes. Vanessa destacou que oferecer combos preventivos para incentivar os jovens de 20 a 29 anos a cuidados primários, práticas de atividades físicas por meio de parcerias, como Gympass que, agora, é WellHub, a fim de possibilitar que o beneficiário, devido a performance, possa ganhar pontos que reduzem os custos.
“Esta prática já tem sido feita em alguns seguros, por exemplo no [seguro] vida e [seguro] de carro”, comentou Vanessa. No automóvel, o consumidor acumula bônus que baixa o custo na renovação. “Pode ser uma sugestão para a sustentabilidade no mercado, além de trazer uma cultura mais consciente na utilização”, finalizou.