Conforme noticiado pelo CQCS, na última quinta-feira (02), a Prevent Senior anunciou que a partir do dia 10/05/2024, a comercialização dos planos de saúde da operadora estará temporariamente suspensa nos estados de São Paulo e Rio de Janeiro. A empresa alega aumento de demanda do atendimento acima do normal. Especialistas ouvidos pelo CQCS repercutiram o fato, bem como possíveis impactos para o Mercado de Seguros.
De acordo com o comunicado divulgado no site da Prevent Senior e também nas suas redes sociais, a interrupção da comercialização dos planos se deve ao aumento de demanda de atendimento acima do normal, tendo em vista os surtos de várias doenças nas referidas regiões. A operadora destaca que a medida se faz necessária para preservar a qualidade dos serviços prestados aos seus 580 mil beneficiários. Especializada em planos de saúde para pessoas da terceira idade, a Prevent Senior tem como foco principal a medicina preventiva e gestão da saúde, através de programas de prevenção, acompanhamento médico regular e tratamento personalizado.
Em entrevista ao CQCS, a CEO da Cobroker e Head de Saúde Suplementar e Odontológico do Sincor-SP, Vanessa Mendes, afirma que a medida tomada pela Prevent Senior evidencia que a sustentabilidade do setor atravessa um momento de fragilidade. A executiva lembra que o aumento da expectativa de vida da população mundial e a diminuição das taxas de fecundidade e mortalidade trazem como consequência o envelhecimento e consequente aumento da procura de beneficiários de 60 anos ou mais em planos de assistência médica. De acordo com os dois últimos censos demográficos realizados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), estes passaram de 11,3% para 14,3% de participação total. “A Prevent Senior é uma operadora que comercializa planos pessoa física com foco na terceira idade, o alto custo da assistência médica faz com que a população procure alternativas em planos mais baratos e com reajustes controlados. A suspensão tem um forte impacto para o beneficiário de plano de saúde, pois principalmente em São Paulo existem poucas opções de contratos desta modalidade”, disse Vanessa.
A especialista pontua ainda que a regulação dos planos pessoa física faz com que a Companhia fique mais exposta, principalmente no que se diz respeito a portabilidade que pode ser realizada no ato da contratação. Vanessa lembra que o atendimento em rede verticalizada possibilita uma melhor gestão dos custos médicos e hospitalares, porém a operação está mais cara tendo em vista que novas tecnologias em saúde são continuamente incorporadas à prática assistencial “Com o aumento do custo das assistências e do outro lado o aumento da frequência de utilização, podemos dizer que um dos principais fatores de pressão sobre o custo dessas operadoras é expresso pela taxa de sinistralidade do setor”, pontuou.
Consultor em Planejamento e Proteção Financeira na TGL Consultoria, Rogério Araújo, frisa que a longevidade, é extremamente benéfica e tem como grande desafio a manutenção da saúde física, mental e financeira, sendo assim, ter acesso a um plano ou Seguro Saúde, faz parte da realidade grande parte da sociedade brasileira, porém nem todos possuem condições financeiras de pagar pelo benefício. “Na população mais velha, o acesso a um plano ou seguro saúde, é ainda menor, sejam por questões financeiras, não conseguirem pagar e também por estarem fora do mercado de trabalho, perdendo acesso aos planos das empresas”, afirma.
Rogério lembra ainda que um dos efeitos da longevidade é termos cada vez mais sexagenários na nossa sociedade, resultando em aumento dos custos com a saúde, inclusive nas planilhas de custos das operadoras e seguradoras, o que faz com que as opções de contratações sejam mais escassas. O especialista afirma que a suspensão da comercialização, tal como a realizada pela Prevent Senior, pode gerar instabilidade na saúde privada. “A suspensão de comercialização de planos e seguros saúde para a população, além de cancelamentos desses planos e seguros quando as pessoas mais necessitam, o que vem ocorrendo em algumas situações, é o prenúncio do caos na saúde privada. Precisamos pensar em soluções, para quem já possui esse benefício e precisa mantê-lo e também para os que que não possuem acesso a esse benefício, mas precisa se proteger para os riscos relacionados à saúde”, finalizou.
O CQCS entrou em contato com a assessoria de comunicação da Prevent Senior, mas não houve resposta até o fechamento desta matéria.
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